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sábado, 30 de março de 2013

Manual para velórios e enterros


A morte é a libertação total:
a morte é quando a gente pode,
afinal, estar deitado de sapatos”
Mário Quintana

 POR JOSÉ ABBADE – 18 DE JULHO DE 2010


A única certeza em nossas vidas é que iremos morrer um dia. Fato difícil de aceitar, mesmo sabendo (ou acreditando) que a morte é apenas o fim de uma etapa, de acordo com cada concepção, na maioria das vezes , religiosa. Diariamente, milhares de pessoas são enterradas, engavetadas ou cremadas. Isso quando não são hediondamente esquartejadas, devoradas e demais atrocidades difíceis de entender a cada crime apresentado pela mídia. Mas, como dizia o Fofão – quem se lembrou entregou a idade -  isso é outro assunto para outraBanho de Sol. O fato é que, apesar de ser natural e corriqueira, a morte ainda é um tabu a ser superado, principalmente na hora de ir para o velório. Quem nunca se perguntou como se comportar, mesmo que, de passagem, em um ritual fúnebre? O que dizer? Como se vestir? Levar ou não levar flores?
A primeira dúvida de todas é: “Não sei se vou ou se fico”, principalmente se o (a) falecido (a) não for muito próximo. Mas é sempre bom dar alento aos amigos que perderam seus entes. Já ouvi muita gente dizer: “Não fui porque não gosto de velórios”. Como assim? E é para gostar? Se todos pensassem dessa forma, quem seguraria as alças do caixote? Apesar de que, na verdade, tem gente que parece gostar de ir a essas cerimônias como se fosse uma vernissage ou coquetel…não perde um.  E ainda chora, acaricia o morto e demais exéquias presepadas.
Não é desfile. É velório!

COMO SE PREPARAR


Primeiramente, evite roupas muito alegres ou extravagantes (Já vi cada decote de levantar até defunto).  Outra dica importante é não exagerar no perfume. O aroma das flores deve pairar no ar da capela, com o intuito de promover um clima de despedida. Nada de fragrâncias muito fortes. A tradição do preto vem caindo por terra, mas ainda é o mais adequado para não errar. Mas não apareça com um modelito de alta costura. De preferência, um modelo discreto, simples e composto. Mas, lembre-se: você não é a viúva, muito menos um urubu. E leve sempre um lencinho limpo na bolsa. Se não usar, pode oferecer a algum chorão desavisado.

COMO CHEGAR


Apesar de serem seres de fala, os humanos ainda se batem com questões da língua, principalmente na hora de cumprimentar os presentes. Quem nunca ouviu um “e aí, tudo bem?” ou “Gertrudes! Quanto tempo! Como você está, querida?” Péssimo, né?  Mas já vi…e muito. Não necessariamente com o nome Gertrudes.

O QUE NÃO DIZER

“Meus sentimentos”- A pessoa está sofrendo, cheia de sentimentos pesarosos e ainda tem que receber os seus?
“Minhas condolências” – Vai ser impessoal assim em outro plano!
“Eu  sei o que você está sentindo” – Impossível quantificar o tamanho daquela dor. Cada um sente de uma forma. Cada perda é encarada individualmente.
“Mas era tão jovem” – Em vez de ajudar, pode piorar, dificultando a aceitação daquela perda. Ou então, pode soar estranho, pois o bisavô da prima da sua amiga morrera aos 94 anos… Se for inevitável tal comentário, certifique-se antes da realidade.
“Pelo menos isso…pelo menos aquilo…” –  Mas o brasileiro é mesmo o povo do pelo menos. Se a morte é instantânea, “pelo menos não sofreu” – Além de morrer tem que sofrer? – Se estava convalescendo, “pelo menos descansou” ou “pelo menos não ficou aleijado”. Por que sempre precisamos de uma compensação, mesmo que ilusória?
“Mas foi tão de repente” – Salvo nos casos de premonição e vidência, ninguém avisa que vai morrer. Só mesmo em alguns casos de suicídio. Em casos de doenças crônicas, a despedida é mais previsível, óbvio…entretanto, tem gente que usa essa expressão sempre.
“Mas como foi que aconteceu?”- A curiosidade realmente aguça a alma, mas evite perguntar como se procedeu a morte. A reconstituição da cena não é saudável para os parentes mais próximos. Seria mais fácil preparar uma entrevista coletiva minutos antes do sepultamento, para evitar contar 15 vezes a mesma história. O uso de um gravador poderia ser interessante. Assim, quando aquele chato viesse perguntar algo do tipo,  era só dizer, em soluços: “Tá no ponto…Aperte o play, por favor”

O QUE NÃO FAZER


Nada de presepadas ou escândalos –  O mundo não precisa saber o tamanho do seu sofrimento através de gestos e gritos. Nunca, nunca, NUNCA desmaie. Não queira roubar a cena, nesse caso, os últimos momentos de glória do corpo presente.
Evite as piadas –  Piadas em velório são de um mau gosto tremendo, mas quem nunca contou ou ouviu? Se for realmente necessário, afaste-se um pouco da capela e conte baixinho. Mas nada de gargalhadas. Conte apenas as piadas de salão, que resultarão, no máximo, em um leve sorriso.
Seja discreto com superstições – Se for adepto do jogo do bicho, seja sutil ao anotar o número da sepultura. Não faça alarde.  Quem sabe a sorte pode estar ali, não é mesmo? Mas não precisa pedir papel e caneta à viúva, muito menos ao coveiro…
Desligue o celular – Não é só em cinemas e teatros que o toque do celular incomoda. Em cerimônias fúnebres também se deve desligar o celular ou, pelo menos, colocar no vibra call. O único problema é alguém pensar que a vibração pode ser mediúnica: “Você sentiu essa vibração? Será que é alguém querendo se comunicar?” – indaga assustada uma jovem senhora. “Com certeza. Mas depois eu retorno…” – responde. Não ria que é sério. Isso já aconteceu com minha amiga Isolda, em Niterói.
Flores – São sempre bem vindas. Mas seja simples. Uma rosa, ou um pequeno ramalhete de flores é o suficiente. A sua dor não será avaliada pelo tamanho da coroa de flores. Já fui a velórios que tinha mais flores do que presentes (pessoas, claro).
Discursos e homenagens póstumas – Por mais que se expresse bem e tenha perfeita dicção, deixe as palavras para a família ou condutor da cerimônia. Alguns discursos são tão longos e vazios que nem os mortos têm paciência de ouvir. Músicas, de preferência, as religiosas, que trazem alento à alma. Por mais que você saiba qual era o gosto musical de fulano, nunca apareça com aquele CD para a última homenagem. Nem ouse cantar, por impulso, qualquer música que não domine toda a letra. Tem algumas letras que começam bem e, no decorrer, vão seguindo outros caminhos, a exemplo da Fogo e Paixão de Wando: “Você é luz, é raio estrela e luar. Manhã de sol…” Seria uma linda homenagem, não fosse a parte que diz “…quando tão louca, me beija na boca, me ama no chão” . Aplaudir é nobre, mas de maneira contida. Nada de assobios ou “uhu!”. E por falar em homenagens, o poeta da vila compôs uma música que fala desse assunto.  Essa canção me traz a lembrança do meu vovô Nivaldo que, na minha infância, tocava no violão e cavaquinho grandes clássicos da MBB (música boa brasileira) . Noel Rosa compôs, em acordes de versos,  um verdadeiro manual para velórios:

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